Deserto molhado


No cerimonial em memória de Eddie Aikau, o reverendo Akaka disse estas palavras:

“O mar aberto é para os havaianos tanto quanto o deserto era para Moisés e seu povo… um lugar onde as pessoas vão se encontrar com Deus”.

Não só para os havaianos, acredito que para todos… pelo menos pra mim, é.

Costumo remar no período da noite, geralmente quando o mar está tranquilo e quase não há movimento nele, nessa calmaria consigo relaxar minha mente, mas não me entenda errado, vou explicar, enquanto me exercito remando, eu penso, eu concluo, eu analiso, eu peço, eu dou risada, eu grito, eu suspiro, eu agradeço, eu lembro, eu descarrego, eu sonho e eu rezo. Saio desgastado fisicamente porém renovado psicologicamente.

Muitos acham que sou louco em remar sozinho, a noite, no escuro, no meio do nada… não é escuro, há muitas coisas que nem imagino e nunca estou sozinho, há sempre a lua me guiando, peixes em baixo da canoa, as vezes pulando junto na remada, há aves marinhas nos faróis e um Deus me energizando.

Louco eu seria, se não fizesse isso sempre que posso e medo, tenho das pessoas… elas são estranhas.