Um paraíso desconhecido no Noroeste Fluminense


O Rio Paraíba do Sul é um rio extenso sendo recurso extremamente importante para três estados do sudeste brasileiro: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O Paraíba do Sul nasce na serra da Bocaina em São Paulo e desemboca em Atafona em São João da Barra-RJ possuindo 1.340 km de extensão abrangendo 150 cidades e 20 milhões de pessoas. Ao longo de seu trecho o rio adquire várias formas e tem características bem específicas: ora estreito, ora largo, ora turbulento, ora calmo, às vezes represa e volta a ser rio, ora poluído, ora preservado, sim é isso mesmo, preservado e com mata ciliar e vegetação exuberante e é esse rio Paraíba do Sul que pouca gente conhece.

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No Médio Paraíba, mais especificamente do trecho de Além Paraíba-MG a São Fidelis-RJ, o rio Paraíba do Sul possui águas turbulentas com corredeiras e cachoeiras, predominância de ilhas, é largo e com uma vegetação ciliar ainda bem preservada. Famoso pela piscosidade e referência na pesca esportiva de dourado e robalo. Em uma grande extensão não existe cidades em suas margens, o que contribuí para renovação de suas águas, além da própria oxigenação causada pelas corredeiras. Ele também recebe as águas de vários afluentes.

Neste artigo Jefferson Figueiredo irá revelar o potencial do Rio Paraíba do Sul, mostrando toda sua beleza e maravilhas. Também pretende orientar aos interessados a usufruir todo esse potencial, principalmente os praticantes de Canoagem, Stand UP Paddle e Pesca Esportiva, além daqueles que querem simplesmente curtir um passeio de barco a motor, um banho de rio, um acampamento, enfim os amantes da natureza.

Primeiro trecho: Porto Velho do Cunha a Itaocara, 65 kms

Por Jefferson Figueiredo

Trecho 1Comecei às 07h30min e cheguei em Itaocara às 17h. Fiz uma parada almoçar no Restaurante do Ernani de 30 minutos e aproveitei para reparar o caiaque que é de fibra. Infelizmente, meu caiaque estava vazando no compartimento traseiro e como o rio estava muito seco acabei batendo em algumas pedras nas corredeiras piorando a situação, sendo assim, tive que parar muitas vezes para retirar a água. Fiz os lanches e hidratação praticamente em movimento. O rio Paraíba estava seco demais, sinceramente nunca havia remado nele nestas condições, que são ruins para passeios longos, pois o rio torna-se muito lento e a pouca profundidade dificulta as remadas. Para compensar as águas estavam bem transparentes e as corredeiras íngremes e intensas.

Era 30 de maio de 2015, sábado com uma manhã de muita neblina, mas com um sol agradável, conforme é o inverno na região. Lembramos que 2014/2015 o nível do Paraíba do Sul quebrou vários recordes devido à seca intensa.

O primeiro trecho do Rio Paraíba do Sul começa em Porto Velho do Cunha, terceiro distrito de Carmo-RJ, um pouco abaixo da represa Ilha dos Pombos que pertence a Light SA. O rio divide os estados do Rio e Minas até o povoado de Porto Marinho.

É um trecho mais desabitado, em suas margens somente pequenos distritos e poucas fazendas. Muitas matas ciliares, ilhas e algumas corredeiras. Sinceramente nos sentimos mergulhados na natureza e chegamos a esquecer que existem cidades por perto. Corredeiras mais intensas só depois do Porto do Paulo Gama até o Porto Marinho, no mais só águas calmas.

No 5º km do passeio na margem esquerda, que pertence a Minas Gerais, encontra-se o primeiro afluente do trajeto, Rio Angu e a partir dele uma mata fechada cobrindo cerca de 10 km desta margem. No km 20 o vilarejo de São Sebastião do Paraíba, distrito de Cantagalo-RJ e do lado mineiro Conceição do Paraíba, distrito de Estrela Dalva. Aos 25,5 km do início do passeio encontra-se a Barraca do Ernani, local simples onde pode-se saborear comidas típicas, existem quartos para pernoite. Contato (32) 99060393

Corredeira do Urubu, km 31, de grau III é facilmente transponível pela margem, mas aos experientes vale a descida! Para chegar até ela deve-se manter a esquerda logo após a Fazenda do Paulo Gama. Logo após o Porto do Paulo Gama deve-se seguir pela direita para chegar a Corredeira do Urubu. Neste trecho o rio se divide em dois.

Cabana do Peixe Frito (Km 42), ambiente rústico e aconchegante, parada obrigatória. Aos que não querem esticar o passeio será um ótimo lugar para pernoitar e jantar. Existem quartos e área de camping e a comida típica muito saborosa. Atenção ao mapa, pois não é de fácil localização! Contato 22 999388539 e 22 997195198.

Fim do primeiro trecho do passeio, chegamos a queria Princesinha do Paraíba, Itaocara e completamos os 65 km do primeiro trajeto.

Galeria de fotos do 1º trecho

Segundo trecho: Itaocara a São Fidélis, 48 km

MapaFiz o percurso bem devagar, saí as 08h10min e cheguei em São Fidelis às 16h20min. Fiz paradas para almoçar e lanchar, além de várias para fotografar. Era 24 de abril de 2015, uma sexta-feira nublada, com o rio num nível muito baixo, muito mais baixo que a média histórica do período. Lembramos que 2014/2015 o nível do Paraíba do Sul quebrou vários recordes devido à seca intensa.

O segundo trecho do Rio Paraíba do Sul começa em Itaocara, onde continua prevalecendo a exuberância de um rio bem preservado, largo e com vários canais intermediários que vistos de cima parecem artérias que seguem para um fluxo principal.

É um trecho tranquilo (prevalência de águas mais calmas) e mais povoado que o primeiro que iremos retratar. Inclusive o sinal do celular permanece acessível até Pureza, ou seja, nos 32 primeiros quilômetros do passeio. Já no sétimo quilometro do passeio encontra-se a Ilha do Capixete, restaurante tradicional de comida típica e com opção de pousada. Contato 22 3861-4029.

Até Portela encontramos boas corredeiras, mas de Portela para baixo a quantidade de corredeiras diminui muito e o rio segue seu rumo mais calmamente, mas a exuberância permanece. Chegamos à cidade de São Fidélis-RJ encerramos os 48 km do segundo trajeto.

Galeria de fotos do 2º trecho

Observações Finais e IMPORTANTES.

Ressalto que o nível do rio é bem distinto ao longo do ano e as condições mudam para cada nível. Logo é importante se informar sobre as condições da época.

No período de estiagem, aproximadamente de abril a setembro o rio Paraíba fica com nível mais baixo e com as águas mais claras. No pico da estiagem, geralmente de julho a setembro, suas águas ficam bem claras, como um rio de serra, as corredeiras ficam mais inclinadas e com ondas íngremes. Na época das águas, tempo das chuvas, o Paraíba do Sul tem seu nível elevado conforme a intensidade das chuvas. Em janeiro e fevereiro, ele geralmente está em seu nível mais elevado. Neste período, as águas se tornam bem densas e turvas e as corredeiras ficam extensas e com ondas enormes.

Outra coisa importante a revelar é que o nível de dificuldade das corredeiras é pequeno; em condições de normalidade, classe I e II em sua maioria; mas requer todo cuidado possível e o uso dos equipamentos de segurança torna-se obrigatório. Como o rio é bem largo há possibilidade de desvio de qualquer corredeira, inclusive as portagens são bem tranquilas de fazer, caso seja necessário. Em níveis normais, todo trecho do Paraíba é navegável com embarcações pequenas, barcos a motor modelo 9 pés que são usados pelos pescadores esportivos de dourado e robalo.

A comida típica que encontramos nos restaurantes do trajeto é peixe. Principalmente, caximbau, dourado, robalo, carpa, piau e traíra feitos fritos ou em moqueca acompanhados de pirão, arroz e salada.

Como sugestão de logística, proponho que tenham como base Itaocara, pois é a cidade que divide os dois trechos. Os hotéis podem ser verificados facilmente em uma pesquisa no Google. Aos que não vierem com apoio por terra é bem fácil conseguir motorista para levar até o início da descida (Porto Velho do Cunha), assim como buscar no final em São Fidélis.

É bom retratar que aos que possuem pouca disponibilidade de tempo e desejam um passeio mais curto e rápido o trecho de Itaocara a Portela é uma boa opção. Pode ser feito em torno de duas horas e, sinceramente, é o meu preferido, tanto pelas belezas quanto pelas corredeiras.

Percebam que o tempo de descida vai variar dependendo do tipo de caiaque ou embarcação e da intensidade do canoísta.

Equipamentos

Caiaque TS Adventure da Canoamm, remo de carbono modelo Rasmussem Italiano, colete Race Canoe, saia Shockwave Immersion Research e capacete WRSI.

É impossível demonstrar por algumas fotos toda beleza, ainda pelo fato de terem sido tiradas de dentro do caiaque, o que mostra somente um ângulo de um fotógrafo muito amador. Por isso é imprescindível que vocês confiram todos nossos álbuns principalmente os dos passeios.

Dúvidas ou informações

Jefferson: jeffersonvfigueiredo@yahoo.com.br

ACAI – Associação de Canoagem de Itaocara: acainoagem@gmail.com