Centros de Iniciação ao Esporte ajudam a nacionalizar o legado dos Jogos Rio 2016


Experiência de sucesso da unidade de Franco da Rocha, no interior paulista, serve de referência para outros CIEs já inaugurados ou em fase final de obras

Por Divulgação

Desde o início, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 foram pensados de forma que seus legados não ficassem restritos à capital fluminense. Entre os projetos que visam à nacionalização das heranças dos megaeventos, os Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs) se destacam pelo conceito de estender de norte a sul do país os impactos das Olimpíadas e das Paralimpíadas. Os CIEs foram idealizados para ampliar a oferta de infraestrutura de equipamentos públicos esportivos qualificados no Brasil e com a perspectiva de aprimorar as chances de detecção de talentos.

A primeira unidade do projeto, inaugurada em Franco da Rocha (SP) em junho de 2016, indica uma referência de caminho a ser seguido pelas outras cidades. “A gente não tinha um ginásio novo em Franco da Rocha desde 1980”, afirma Silmara Ciampone. Secretária-adjunta de Esporte do município, ela acompanhou o projeto desde a fase embrionária. “Franco da Rocha construiu penitenciária, Febem, manicômio, mas não tinha investido no esporte. Foram 36 anos sem R$ 1 de investimento no esporte. Não imaginávamos que iríamos construir um centro olímpico como esse”, afirma a secretária.

Localizado no bairro Parque Vitória, uma das áreas mais carentes da cidade, o CIE iniciou as atividades com aulas de basquete, vôlei, judô, taekwondo, futsal, handebol, ginástica, dança e balé. No início, o equipamento recebeu uma média de 750 a 900 alunos por mês, dependendo do período. Em 2017, foram agregados ginástica rítmica, ginástica artística, tênis, tênis de mesa, capoeira, jiu-jitsu, luta olímpica, ioga, pilates e muay-tai, o que trouxe centenas de novos frequentadores.

“O número de alunos em 2017 girou entre 1.500 e 1.700 por mês. Para 2018, teremos badminton, boxe e atividades para pessoas com deficiência, uma de nossas prioridades. Nossa ideia é chegarmos a 2.400 pessoas atendidas por mês neste ano”, afirma Silmara Ciampone.

Pilates e Ioga

As aulas nos CIEs são gratuitas e os alunos podem praticar quantas modalidades quiserem. Com isso, o centro em Franco da Rocha tornou-se um dos pontos mais movimentados do bairro, a atrai pessoas de todas as idades.

É o caso de Selma Regina Bueno, 58 anos, praticante de pilates e ioga. “Eu tive um ganho na qualidade de vida muito grande. Tinha dores nas costas e no quadril e depois do pilates e da ioga tudo melhorou muito”, afirma Selma.

Na outra ponta dos frequentadores do CIE em Franco da Rocha está o pequeno Lucas Araújo Dantas, de nove anos. Até a inauguração, os pais saíam para o trabalho e Lucas ficava em casa, com a irmã, Thamires, de 21. Hoje, o estudante do turno vespertino passa as manhãs no ginásio, onde faz aulas de basquete, judô e futsal. “É bom para aprender mais esportes e para ficar mais saudável. Antes, eu ficava só em casa fazendo nada e agora eu faço esportes, fiz amigos. Eu gosto muito”, diz o menino.

Expectativa superada em Uberaba (MG)

Outro CIE em operação é o da cidade mineira de Uberaba. Inaugurado em setembro de 2017, as operações tiveram início em outubro, com futsal, vôlei, handebol, basquete, capoeira e aulas de dança. No total, as 17 turmas atendiam cerca de 600 alunos por semana.

“A recepção foi ótima”, conta Simeão Rodrigo dos Santos, coordenador técnico do CIE de Uberaba. “A tendência é crescer em 2018. A expectativa que tínhamos quando começamos já foram atendidas. Agora, o plano é chegar nos primeiros meses de 2018 a 800 alunos por semana, entre crianças, adolescentes e adultos.

“Eu vejo esse CIE como uma iniciativa muito boa”, afirma Ricardo Thomaz da Silva, pai do pequeno Felipe Silva, oito anos, aluno do futsal. “Interagir com o esporte abre a cabeça das crianças para boas atividades. Eles oferecem muitas modalidades e as crianças podem experimentar vários esportes”, diz Ricardo.

Uma unidade 100% paralímpica

Distante cerca de 110 quilômetros de Uberaba, a também mineira Uberlândia se prepara para inaugurar, em 20 de fevereiro, seu Centro de Iniciação ao Esporte. Esse CIE, entretanto, não será igual aos outros. Ali, o equipamento será voltado integralmente para o esporte paralímpico.

“Nós temos um esporte paralímpico muito forte aqui”, explica Silvio Soares dos Santos, Secretário de Esportes de Uberlândia. “Somos referência no Brasil e desde os anos 1980 a cidade trabalha o esporte paralímpico. Mas cada atleta treina em um local. Agora, com o CIE, teremos um centro de treinamento próprio. A ideia é que aqui seja um centro reduzido do que existe em São Paulo”, detalha Silvio, em referência ao Centro de Treinamento Paralímpico. O CT é o mais bem estruturado equipamento para o esporte paralímpico no Brasil. Lá, treinam atletas da base ao alto rendimento em 15 modalidades paralímpicas. Em Uberlândia, as atividades terão início com goalball, atletismo, tênis de mesa, halterofilismo, vôlei sentado e bocha.

A caminho

Além do Centro de Iniciação ao Esporte de Uberlândia, outras unidades serão inauguradas neste primeiro semestre em quatro estados: Acre, Rio de Janeiro, Piauí e São Paulo. Em Petrópolis-RJ, a data de inauguração está marcada: 16 de março. Na sequência, Rio Branco-AC, Teresina-PI, Itapevi-SP e Santa Bárbara do Oeste-SP engrossam a fila das unidades em fase final de obras.

“O CIE é uma conquista que abrange diversos aspectos. Nosso bairro em Franco da Rocha se valorizou depois do investimento. Na parte esportiva, descobrimos talentos e hoje as crianças têm contato com modalidades como o tênis e os adultos têm a opção de fazer pilates, por exemplo, que era algo que essa população nunca teria acesso se não fosse o CIE”, ressalta Silmara Ciampone.

“Fora isso, o projeto atinge o aspecto de prevenção de doenças. Temos pessoas diabéticas e hipertensas que hoje têm mais qualidade de vida e frequentam menos os postos de saúde. Em 2018, o CIE fará testes de pressão arterial e de taxas de glicose com adultos e idosos e vamos monitorar a evasão e o rendimento escolar dos alunos. Os ganhos são imensos”, avalia a secretária-adjunta de Esporte de Franco da Rocha.