Festival KaOra encerra o Aloha Spirit Elas com celebração à vida


Em celebração da vida pelo esporte, Festival Ka Ora reúne atletas e sobreviventes do câncer de mama em disputa de canoas havaianas, em Santos.

Texto de FMA Notícias e fotos de Ivan Storti

Atletas e sobreviventes do câncer de mama se reuniram em Santos, numa grande celebração da vida pelo esporte, na segunda edição do Festival Ka Ora de Canoagem, em Santos. O pano de fundo do evento na Praia da Aparecida era a disputa pela vitória, mas o que se viu foi uma grande integração entre todas as participantes no domingo (22). A competição encerrou, em grande estilo a programação do Aloha Spirit “Elas”, maior festival de esportes aquáticos da América Latina e que teve esta edição exclusiva para as mulheres, em comemoração ao Outubro Rosa.

Desta vez, a competição foi realizada em catamarãs de canoas havaianas. Para integrar ainda mais as competidoras, a organização da prova fez um sorteio para definir as equipes. Muitas participantes são integrantes do Instituto Neomama e se misturaram a atletas das remadas num clima de felicidade e amizade.

A organização foi feita pelo experiente canoísta Fábio Paiva, com a serenidade e paixão estampadas na fala, destinada a cada uma das mulheres presentes. “Esse evento é resultado de uma missão que recebi, depois de uma viagem à Argentina para acompanhar uma competição de canoas havaianas, também com sobreviventes do câncer de mama. Resolvi abraçar esse propósito e direcionar esse trabalho a todas”, explicou.

“Como no nome Ka Ora, do maori ‘vida’, vocês são as minhas verdadeiras ‘kaoras’”, destacou ele, que atua como um embaixador da canoagem nessa luta pela conscientização e combate ao câncer de mama e hoje comanda aulas de canoagem para vítimas da doença em Santos.

Com muita animação, a prova, que teve apoio do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) e do Hospital Sírio Libanês, foi marcada pelo equilíbrio e espírito esportivo. As equipes Opium e Proplastik terminaram com um empate técnico, sendo declaradas campeãs, com tempo final de 2min07, no percurso de 200 metros.

O título foi comemorado por Wilma Aparecida Guimarães, Juliana Hugles, Regina Helena, Gislaine Cavalcanti, Mirela Pastoreli, Simone Nascimento, Ana Paula Rasteiro, Juliana Paulino, Andreia Vieira, Renata e Ludimila Credo, pela Opium; Flávia Maria Susi, Natália Lima, Janete, Deborah Vons, Thaís Regina Gusmão, Neide, Alexsandra Nogueira, Teresa, Suelen Mello, Eunice Oliveira e Gi Abreu, pela equipe Proplastik.

Para integrar as participantes, a organização da prova optou por fazer um sorteio para definir as equipes. Muitas delas, que são integrantes do Instituto Neomama, disputaram a prova com outras competidoras, num clima de felicidade e amizade entre todas. “Remar, para mim, é a realização de um sonho”, revelou Silvana Nohara, de 56 anos. “Essa edição está excelente. É tudo misturado, atletas, sobreviventes do câncer, iniciantes, está muito legal conhecer novas pessoas”, disse a esteticista Cida Medeiros, de 58 anos.

Uma das mais animadas foi a santista Wilma Aparecida Guimarães, que comemorou seu aniversário no mesmo dia da prova. “Todas são vencedoras, mas competir é muito bom. Esse é o meu segundo ano de Festival Ka Ora e está sendo ainda mais especial, porque estou comemorando 56 anos de vida e numa das equipes vencedoras”, afirmou a professora aposentada, integrante do Instituto Neomama.

Seu primeiro diagnóstico do câncer de mama veio em 2010, quando fez o tratamento, mas depois de quatro anos, um segundo tumor apareceu em seu seio esquerdo. “Nessa época, precisei fazer quimio e radioterapia. O mais doloroso foi ver meu cabelo caindo, porque nós, que somos mulheres, carregamos uma vaidade especial”, contou.

Entre as presentes, várias histórias de superação, amor pela vida. É o caso da advogada Taís Amorim, de 44 anos, que formou a ‘Koa Keakua’, uma equipe de canoa havaiana somente com sobreviventes do câncer de mama no estado do Espírito Santo, onde reside. Em Santos, ela participou pela segunda vez do Festival, dessa vez, levando algumas de suas atletas para competir.

“Quando disputei a prova em 2016, em São Vicente, fiquei em êxtase pela energia do evento. Sempre participei de provas de canoa polinésia, e apesar de não ter convivido diretamente com o câncer de mama, acabei me envolvendo muito forte com essa causa”, disse.

Uma de suas ‘pupilas’ é a empresária Hozana Herica Bortolotti, de 58 anos. Em 2003, recebeu o diagnóstico positivo da doença, mas não pôde contar para quem mais a apoiava. “Meu pai estava internado, por conta de uma infecção hospitalar, e minha mãe estava cuidando dele. Decidi não contar para eles naquele momento”, explicou.

Depois de 14 anos, após os tratamentos e exames contínuos, realizou um sonho, de praticar a canoa havaiana. “Quando abriu o projeto, ainda fiquei relutante, achava que não me encaixava. Na primeira aula prática, descobri a paixão pelas remadas. Foi um dos dias mais felizes da minha vida”, lembrou.

Outro destaque foi a atleta Ana Cristina Rocha, de 49 anos. Além do Ka Ora, ela competiu no Aloha Spirit ‘Elas’, ficando em 3º lugar na disputa de iniciantes da canoa havaiana. Também sobrevivente do câncer de mama, ela credita o esporte por colaborar no combate à doença. “Comecei o tratamento em outubro do ano passado e, em novembro, comecei a competir. Neste ano, já fiz o estadual de Canoagem no Espírito Santo em abril e, agora, vim a Santos pela primeira vez. É uma cidade linda, com pessoas muito especiais”, elogiou.

O Aloha Spirit Festival “Elas” teve os patrocínios de Riachuelo e Cacau Show, com apoios de Booking.com e Onodera. Colaboração: Prefeitura Municipal de Santos. Realização: Associação Magna de Desportes e Lei Paulista de Incentivo ao Esporte.