Nova coluna do site, chamada Papo de Canoísta, mostrará entrevistas com pessoas que além de canoístas, são referências em outras áreas
Com o intuito de acrescentar conhecimento sobre outros temas, iniciamos a coluna, chamada Papo de Canoísta, onde entrevistaremos pessoas que além de esportistas são referência em outras áreas. Para estrear, entrevistamos José Pennafort, canoísta de Brasília/DF, assessor legislativo no Senado Federal e ativista do movimento LGBTs, confira a entrevista dele abaixo.
Perfil
José Pennafort
Nome: José Pennafort
Idade: 33 anos
Local de residência e treinos: Brasília e treino no Lago Paranoá
Modalidade da canoagem que pratica: Maratona, Velocidade e Oceânica
Primeiramente gostaria de saber sua profissão: a canoagem é a sua profissão? Como você faz para conciliar a profissão e os treinos de canoagem? Complementa seus treinos com algum outro esporte?
Sou cientista Político, trabalho como assessor legislativo no Senado Federal, meus horários são muito ruins, entro as 8:30 e saio apenas quando a Senadora com quem trabalho vai embora, entre 20:30 e 3 da manhã, já cheguei a sair 6:30 da manhã, então só me resta treinar antes de ir para o trabalho as 6 da manhã. É puxado, porque durmo em média 5 horas por noite. Além da canoagem faço musculação direcionada para a canoagem, corrida e jogo capoeira, estou me aventurando agora na natação e pensando em iniciar treinos de triathlon.
Como você iniciou na canoagem? De alguma forma, a canoagem contribui para seu dia-a-dia na profissão que exerce?
Comecei em 2009 após uma viagem que fiz a Boa Vista e remei em um igarapé, era um pinguin horrível de remar, mas fiquei apaixonado, retornando a Brasília procurei na internet e achei a Diana Nishimura e comecei a treinar, nunca mais parei. Como tenho uma rotina de trabalho exaustiva e muito estressante a canoagem é meu refúgio, as duas horas que passo no lago esqueço do mundo, dos problemas. A canoagem me relaxa e consigo aguentar toda a pressão do trabalho que desenvolvo.
Diana Nishimura e José Pennafort
Você é ativista do movimento LGBT, conte-nos sobre o campeonato brasileiro de 2010 na qual você usou um adesivo do arco-íris no seu barco. Houve algum tipo de preconceito por parte de outros atletas ou a receptividade foi boa?
Sou homossexual e venho atuando há mais de 13 anos em defesa dos direitos de LGBTs, logo que comecei a praticar fiquei com medo, pois sempre tive a visão de que o meio esportivo seria muito homofóbico, mas para a minha surpresa fui super bem recebido, sou bastante respeitado pelos demais atletas. Em 2010 no primeiro campeonato brasileiro de velocidade que participei, pedi para meu companheiro que é designer gráfico criar uma logo para mim que tivesse um arco-íris e acabei adesivando todo o meu caiaque, foi um sucesso, quando eu entrava para competir o Fernando Fernandes sempre fazia uma brincadeira – registre-se que sempre com muito respeito.
Sabemos que hoje em dia, a canoagem vem ajudando muito pessoas que sofreram algum tipo de lesão física ou que nascem com alguma necessidade especial, você enxerga a canoagem ajudando o movimento LGBT de alguma forma por ter levantado essa bandeira em um campeonato de expressão?
Vejo nessas oportunidades de levantar a bandeira da diversidade sexual uma forma de quebrar com o preconceito e lutar contra a homofobia, demonstrar que somos pessoas comuns, como todas as outras e que merecemos respeito e que temos orgulho de quem somos. Não existe coisa de hetero e coisa de gay, tudo é para todos e todos têm direito de estar integrado à sociedade. Quero agora um uniforme com as cores do arco-íris, mas ainda não consegui o material para mandar para um amigo meu estilista desenhá-lo.
O que a canoagem representa hoje para você? Quais foram seus melhores resultados?
José Pennafort
A canoagem é meu vício, remo praticamente todos os dias. Não consigo mais ver minha vida sem estar sentado em um caiaque e com um remo nas mãos. Fui terceiro colocado no Campeonato Brasiliense de 2012, 5º colocado na prova de 500m máster de 2010 e 4º colocado nas duplas mistas do Brasileiro de Oceânico, um dos títulos que mais gosto por ter sido ao lado da minha treinadora, grande amiga e ídolo Diana Nishimura.
Você já tem planos traçados na canoagem para 2014? Quais teus objetivos nesse ano?
Eu to focado na canoagem oceânica este ano, quero aprender a remar direito um surf-ski, como só remo k1 olímpico, estou tendo muita dificuldade em me adaptar. Competir no Brasileiro de Velocidade e ser competitivo no campeonato Brasiliense, além é claro de participar de mais etapas da Copa Brasil de Canoagem Oceânica.
Deixo esse espaço para que você mande uma mensagem aos leitores expressando livremente o que quiser:
Gostaria de ver mais praticantes da canoagem para que o esporte desenvolva-se ainda mais em nosso país, ainda temos muita dificuldade em adquirir equipamentos, com maior número de praticantes tenho certeza que teríamos maior profissionalização dos fabricantes nacionais e maiores investimentos na qualidade dos produtos e, desta forma, maior acesso a produtos de qualidade e com custo menor do que temos atualmente, quem sabe chegamos pelo menos ao nível da canoagem da nossa vizinha Argentina.
