Mana Nephi Tehiva confirma presença em expedição inédita em Va’a ao arquipélago de Alcatrazes


Lenda taitiana, um dos maiores nomes do mundo na canoa havaiana, Mana Nephi Tehiva confirma presença em expedição inédita ao arquipélago de Alcatrazes.

Por Gallas Press

Profissional desde os 16 anos e atleta da maior equipe do mundo de canoa havaiana, Nephi está no Brasil e América do Sul dando clínicas e cursos e participa junto com maiores remadores do Brasil de evento que ocorre no próximo domingo, dia 19. Segunda maior preservação marinha do país, fechada desde a década de 80 para exercícios de tiro da Marinha do Brasil, Alcatrazes será reaberta ao público em janeiro de 2018 e expedição será o primeiro evento esportivo no arquipélago.

Um reforço de peso mundial para a expedição ao arquipélago de Alcatrazes que acontece no dia 19 de novembro. Um dos maiores nomes da canoa havaiana no planeta, o taitiano Mana Nephi Tehiva, participará junto com os maiores remadores brasileiros da travessia inédita ao arquipélago localizado a 40 quilômetros de distância da costa de São Sebastião (SP), litoral norte do estado de São Paulo.

Nascido no Taiti, em Punaauia e radicado no Havaí, em Honululu, Nephi tem 40 anos, mas é profissional do esporte desde os 16 anos de idade, já passou por catorze equipes e clubes de canoa daquele país e conquistou vários títulos mundiais da principal competição do planeta, realizada em seu país natal, o Hawaiiki Nui, com duração de três dias, e também da travessia Malokai – Oahu, no Havaí. Nos últimos anos vem dividindo as atenções como treinador e competidor no Waikiki Beachboys onde terminou a corrida Malokai entre os cinco e dez melhores.

Clínicas de Va’a

Nephi vem fazendo uma excursão pelo Brasil e América do Sul nos últimos seis meses ensinando a técnica polinésia e havaiana e planeja abrir equipe em Ilha Bela (SP). No Brasil já ensinou as técnicas milenares – o esporte data de três mil anos atrás onde era utiizado para deslocamento de polinésios e havaianos pelas ilhas locais – no Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios, Ilha Bela, Brasília, Florianópolis e Curitiba e passou também pelo Chile. Os próximos destinos são a Argentina e o Peru antes do retorno ao país natal e Havaí.

“É minha primeira vez no Brasil, a técnica é bem diferente do que temos em nosso país, escolhi vir aqui por uma razão e por paixão, dividir nossa cultura e está indo muito bem agora. Encontrei muitas pessoas que praticam a Canoa Havaiana, do mundo Va´A como chamamos, e fiquei muito impressionado com a humildade e a felicidade das pessoas dessa nação”, disse Nephi que não para por aí e quer , após abrir uma equipe no país no litoral paulista, viajar pelo resto do mundo: “Tenho um sonho que é viajar três anos pelo mundo ensinando e firmar todos os que ensinei a uma competição internacional e quero abrir um time fora do Brasil”.

Nephi, que também cultua a cultura de dança da sua região, recebeu o convite da expedição de Alcatrazes de um amigo que fez no Brasil, o niteroiense Douglas Moura, o qual também ensinou suas técnicas e está ansioso para competir ao lado dos maiores remadores do país; “Fui convidado pelo Douglas Moura. Estou ansioso por uma boa expedição, mas no fim das contas o que vale é dividir os momentos com outros remadores, dividir conhecimento e receber também deles”.

Douglas comenta que “Ele está representando uma mudança de conceito. Nós vínhamos muito com a ideia de remada mais tradicional no estilo havaiano. Não existe remada certa e nem errada, como ele sempre fala. Ele veio adaptar com modelo vencedor que é o modelodos taitianos. Ele rodou o Brasil e tive a grande oportunidade de ter aprendido em cada aula que fiz com ele e ter me aproximado. Em um dia que fomos pro mar ele me disse ‘hoje você vai sentir a canoa se conectar com o mar’, ele se afastou e fez isso para eu não copiá-lo e no fim das contas nos divertimos quando nos reencontramos pegando vários surfes de canoa . O que serviu de ensinamento também é que antes de aprender a técnica é preciso aprender a cultura os valores que a canoa transmite. Quando surgiu a oportunidade de ir para Alcatrazes entendi que é exatamente o espírito da canoa, coletividade, superação e liguei para ele contando como seria, na mesma hora ele disse que estava dentro, disse que era o que ele queria. Ter ele nessa expedição representa um ídolo dentro da canoa, uma referência no esporte e pra mim ter um amigo. É muita honra para todo mundo que está envolvido”.

Expedição Alcatrazes em Va’a

Nephi vai participar da travessia que terá entre cinco e seis barcos para seis remadores. Serão entre 60 e 70 dos maiores atletas do esporte no Brasil das cidades do Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Angra dos Reis (RJ), Ilha Bela (SP), Ubatuba (SP), Caraguaratuba (SP), São Sebastião (SP), Santos (SP) e Porto Belo (SC). Eles irão percorrer cerca de 40km na ida, circular o arquipélago por 15km, realizarem uma parada para exploração e mergulho e retornar, com um total de quase 100km no mesmo dia.

O arquipélago está fechado desde o início da década de 80 para exercícios de tiro da Marinha. O local, que possui 67 mil hectares e 13 ilhas foi usado como tal até o ano de 2013, há um ano foi oficializado como refúgio de vida silvestre e será liberado ao público geral para o ecoturismo a partir de janeiro de 2018 através de uma portaria publicada pelo Governo Federal no fim de setembro.

A expedição, que conta com a organização da Prefeitura de São Sebastião e tem a autorização do Núcleo de Gestão da ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidades), será o primeiro evento esportivo que Alcatrazes irá receber em quase quarenta anos.

A expedição contará com nomes como os santistas Fábio Paiva, multicampeão nacional e Sul-Americano em canoa oceânica e rafting. Ele é o precursor da canoa havaiana no Brasil em 2000 fomentando o esporte no país e com três projetos sociais, um deles para crianças carentes em São Sebastião (SP) e outro para sbreviventes do câncer de mama em Santos (SP). O evento terá presenças de Felipe Neumann, tetracampeão Sul-Americano, José Paulo com participações em Sul-Americanos e com projetos de canoa caiçara e profissionalização da canoa havaiana no Brasil.

A expedição terá um grande nome do surfe, Alemão de Maresias, natural de São Sebastião (SP), que surfa ha trinta anos e é um dos dez maiores big riders do país, ou seja, surfista de ondas gigantes, que utiliza a canoa havaiana como treinamento e possui títulos que soma títulos na canoa havaiana na Volta da Ilha de Itaparica (BA) em 2016 e o vice-campeonato na Volta da Ilha de Sto. Amaro no mesmo ano.

A expedição tem a organização de Geórgia Michelucci, servidora pública, que faz parte do projeto da Prefeitura de Sao Sebastião “Canoa para Todos” e fundadora do clube São Sebá VA´A, em São Sebastião, Douglas Moura, de Niterói (RJ), um dos principais nomes do esporte no país, e Alemão de Maresias.

Os preparativos seguem em andamento e Geórgia Michelucci explica o itinerário a ser realizado começando no dia anterior, 18 de novembro, com briefing, e largada a partir das 5h de domingo, dia 19: “A expedição só é possível diante da parceria com a prefeitura de São Sebastião. Ela começará um dia antes, no dia 18 de novembro, onde no meio para o fim da tarde faremos um briefing no Observatório Turístico que fica na Rua da Praia. Será um briefing ambiental do ICMBio falando sobre todas as regras na chegada à ilha para os remadores, o staff e imprensa que quiser estar presente. Na sequência teremos o briefing técnico dos remadores explicando as condições que teremos do mar, carta náutica, horário de saída, como serão as trocas de revezamento. Teremos palestra do Fausto Pires que tem um grande acervo sobre Alcatrazes e um dos que mais brigou para que Alcatrazes fosse tombada como refúgio. Ainda teremos uma exposição de fotos de fotógrafos do Município com imagens da região.

“A história do arquipélago para nossa região e também para o Brasil. Durante 30 anos lutamos para que essa área deixasse de ser área da Marinha, há pouco tempo atrás o arquipélago era alvo da Marinha e do continente, das praias de São Sebastião víamos e ouviamos os exercícios e os tiros e bombardeis. É uma conquista para nós e essa expedição será nosso primeiro momento como comunidade em fazer a chegada no arquipélago e com essa filosofia que tem a canoa havaiana. O enfoque como esporte é muito importante, mas também no ponto de vista sócio-ambiental que é uma conquista”, revelou Maria Cecília Borgse, remadora caiçara e defensora do mangue do Araçá, situado em São Sebastião ao lado do porto.

Serviço

Dia 18 de Novembro, sábado – Briefing ambiental do ICMBio sobre o arquipélago + Briefing Técnico no Observatório Turístico na Praia Grande – São Sebastião (SP)

Dia 19 de Novembro, domingo – Saída em torno das 5h da Praia Grande em direção ao arquipélago com chegada prevista para 9h ou 10h + volta no arquipélago + duas horas de exploração do local e mergulho – Retorno no início/meio da tarde

Cerca de 60 remadores e 100 pessoas envolvidas na expedição