Alemão batizado como ‘Remo’ rema, faz remos e ensina e remar em SP


Alemão que vive em Peruíbe, SP, sofria bullying por causa do nome. Nome de batismo tem relação com atividade profissional e gera curiosidade.

Um morador de Peruíbe, no litoral de São Paulo, foi batizado com o mesmo nome da ocupação que escolheu para seguir carreira profissional. O alemão Remo Thilo Eckert, de 47 anos, é fabricante de remos para caiaques, canoas e Stand Up Paddle, além de professor de canoagem. Como ele mesmo gosta de ressaltar, ele é o ‘Remo que rema, faz remos e ensina a remar’. Apesar das multitarefas que agrega atualmente, Remo recorda que chegou a sofrer na infância com brincadeiras dos colegas de escola por causa do nome.

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“Queria ver se eles me encontrassem hoje, tanto tempo depois. É engraçado, porque eu sempre estive ligado aos esportes de aventura e, quando falo Remo, as pessoas acham que, na verdade, é por causa da profissão. Meu nome é esse, embora nem na Igreja queriam me batizar”, brinca.

img_9666_x2Nascido na Alemanha, Remo se mudou para o bairro do Guaraú, em Peruíbe, no início da década de 1990. Na região, abriu uma pousada com vista para a Juréia e ajudou a difundir modalidades esportivas como a canoa havaiana e canadense no Brasil. Marceneiro e carpinteiro, Remo decidiu investir na fabricação de remos artesanais usados tanto em competições, como peças decorativas. Em 1997, ele fez os primeiros moldes. “A coisa começou a engrenar em 2000. Fui o primeiro fabricante de remos de madeira Hi Tech do Brasil. Eles tinham 1,30 metro de altura e aos poucos fui me aperfeiçoando”, relembra.

As peças são feitas em uma oficina que fica nas dependências da pousada. Segundo o artesão, cada remo leva, em média, 10 horas para ficar pronto. “Não é um processo rápido, então para agilizar eu procuro fazê-los em série. Por exemplo, eu corto 20 moldes, depois lixo todos eles, em seguida passo a lâmina e finalizo com verniz”, explica.

dscn1468_xRemo alia o dia a dia de empresário com o hobby artesanal de fabricar remos. O negócio rentável ajuda a equilibrar as contas quando está fora do período de temporada na pousada. “É algo que eu gosto muito. É uma atividade paralela e artesanal.

Chego a passar cerca de 15 horas na oficina para produzir pedidos de encomenda que recebo até do exterior”, afirma.

Nos mais de 14 anos confeccionando remos de madeira, o empresário afirma já ter enviado suas produções para a Holanda, Alemanha, Argentina e Peru. As peças são levadas para o exterior por meio de amigos de Remo, já que, segundo ele, a política de exportação é muito burocrática e ‘difculta o processo’. O artesão também produz moldes para algumas empresas de botes de navio, além de receber inúmeras encomendas de remos coloridos para decoração de ambientes.

Competição

Além das atividades na pousada e da confecção de peças em madeira, Remo dá aulas de canoagem para alunos da cidade, três vezes por semana, e participa de toda a organização dos campeonatos Paulista e Brasileiro de Canoa Havaiana.

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As competições costumam reunir até 200 atletas da modalidade nas provas realizadas no rio Guaraú, em Peruíbe. “No Brasil, temos perto de dois mil praticantes de canoa havaiana, sendo pelo menos 500 deles competidores oficiais. A prática de canoagem faz bem à saúde e a mente. É um esporte muito bom”, comenta.

Texto e foto: Orion Pires/G1.com