BATE PAPO com Fábio Paiva, que voltou do Ceará após downwind de 35km/h


Recentemente Fabio Paiva postou fotos em redes sociais remando em águas claras, com muitas ondas e vento.

Muitos questionaram onde seria esse local das fotos, e a resposta foi: na Disneylândia Brasileira dos canoístas – Fortaleza. Batemos um papo com o empresário e canoísta Fabio Paiva, que recentemente esteve em Fortaleza no Ceará, remando em um dos melhores downwinds do mundo. Saiba como foi:

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Sestaro Canoagem: O nome Fábio Paiva dispensa apresentações, porém um novo cenário tem sido visto nas suas fotos das redes sociais, onde inclusive você citou ser sua Disneylândia, onde é esse novo pico que você tem frequentado?

Fábio Paiva: As competições foram por muitos anos um alvo muito importante para mim. Hoje em dia busco desafios próprios onde possam somar maior experiência vivêncial. Com a entrada do Surfski, dentro do cenário mundial, a prática do que chamamos de DownWind (vento de popa), se tornou a grande diversão da canoagem pois, é o mesmo que um surf de alto mar, onde percorremos em vagalhões e ventos de popa, grandes distâncias em menor tempo. Em 2011, Eu, Eduardo Coelho, Carmen Lúcia e Macuco, descobrimos o litoral do Ceará, como um grande potencial do Down Wind. Percorremos 800 km em 10 dias de Fortaleza-CE até São Luiz do Maranhão. Devido aos ventos alísios, torna-se um dos poucos lugares do mundo que asseguramos que os ventos estarão sempre no mesmo sentido. Por isso, decidimos deixar nossos caiaques em Fortaleza, para fazermos pequenas escapadas do trabalho e, em um único final de semana, brindar com um grupo de amigos neste trecho que se tornou uma verdadeira Disney para remadores.

SC: Fortaleza é um tanto quanto distante de Santos, como vocês resolveram a questão da logística para levar os barcos pra lá? Pois ao que parece, é a parte mais complicada dessa trip.

FP: Como o caiaque é um brinquedo muito comprido, despachamos por transportadora e, resolvemos deixar na casa de um amigo. Ai, é só planejar as idas anuais com antecedência, e pegar preços de passagens aéreas promocionais.

SC: Como vocês programaram a época certa pra ir e quais embarcações vocês usaram lá para se comportar com a condição de mar encontrada?

FP: De agosto à dezembro é a época certa de ter bons ventos. Enviamos os surfskis modelo Moloka’i que se comportam muito bem mas, o importante é escolher um modelo que se sinta muito bem confortável e com bastante estabilidade pois, o mar é bem agitado. Não aconselho à pessoas com pouca habilidade mas, assim que tiver um bom domínio, passa à ser um grande aprendizado e muita diversão.

SC: Como vocês programam a rotina de downwinds? É sempre no mesmo percurso por ter algum facilitador em resgatar vocês depois de finalizar o percurso ou vocês costuma “ir até onde conseguir?”.

11885675_10207316481933238_6099063448529856307_oFP: Quando fizemos Fortaleza à São Luiz, o planejamento foi mais complicado e, não poderíamos errar. Fizemos sem apoio de terra ou mar. Aprendemos muito! Mas os erros foram muito bem calculados e decisões precisas. Na época de ventos fortes, não se encontra muitas embarcações no mar. Alíás, poucas jangadas. Isto torna ainda mais perigoso pois, navegamos longe da costa.

Este formato que estamos fazendo agora é muito mais fácil pois, é um trecho curto e mais próximo à costa. Estou falando de Fortaleza – Cumbuco – Paracuru.

Como são apenas finais de semana, ficamos em um Hotel em Fortaleza e, já tínhamos um taxista agendado para nosso resgate todos os dias, ao qual nos trazia de volta para Fortaleza. Foram 3 dias no mesmo trecho. Ventos com 55 km/h e atingíamos picos de 35 km/h de velocidade. A grande vantagem é o bom descanso e boa alimentação para ter maior aproveitamento todos os dias .

SC: Nesse local, até hoje, só tivemos uma competição de grande expressão, e que deixou muitas saudades em diversos atletas. Você visualiza algum nicho nesse local?

FP: É sem dúvida um dos melhores lugares do mundo para o Down Wind. Acho apenas que não se pode fazer uma prova aberta. Deve-se fazer uma seletiva em provas tradicionais e, começar com pequenos grupos. Desta forma, a cada ano, mais atletas ficam capacitados à participar sem dar muito trabalho para a organização. Plano preventivo e emergencial é fator principal para um bom organizador pois, em apenas 50 metros vc não vê quem está remando ao seu lado.

SC: Seria inédito no Brasil, montar uma base, um training center como existe lá fora onde um organizador fornece hospedagem, embarcação, transporte e toda logística para os atletas do mundo inteiro usufruírem desse pico, é viável?

FP: Sim. Muito viável. Inclusive estamos estudando com alguns parceiros esta possibilidade. Acho um primeiro passo para o fomento desta modalidade e, trazer grandes eventos internacionais para o local.

SC: Quais são os planos para as próximas viagens?

FP: Já fizemos todo este trecho de Natal à São Luiz-MA e, em uma travessia / desafio, você tem um cronograma a cumprir. Queremos agora voltar para alguns lugares que merecem se aprofundar mais na região. Próximo desafio será de Paracuru à Camocim. Explorando mais o local. Camocim me chamou atenção por uma forma de velejo, diferente de todos que tinha visto. São veleiros chamados de “bastardo”, com velocidades surpreendentes. Só em Camocim tem estas embarcações.

“Posso dizer que estes desafios são fantásticos mas, os personagens que se encontra no meio do caminho é a grande conquista!”, Fabio Paiva.