Com fama de durão, técnico espanhol da canoagem faz dois anos no Brasil


Eleito pelo COB o melhor treinador de esportes individuais em 2014, Jesus Morlán reprova “jeitinho brasileiro”, mas é peça-chave do país em busca de medalhas nos Jogos Rio-2016

No dia 1º de abril de 2013, Jesus Morlán chegava ao Brasil para comandar a Seleção de canoagem de velocidade. Trazia esperanças de medalhas e, ao mesmo tempo, causava receio nos atletas por causa do jeito durão. De lá para cá, o espanhol continua igual. Mas na última quarta-feira pôde comemorar dois anos no país com a confiança de todos.

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Eleito o melhor técnico de esportes individuais pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) ano passado, ele admite não gostar do “jeitinho” brasileiro. Mesmo assim, Nivalter Santos, Ronilson Oliveira, Erlon Silva e Isaquias Queiroz se apegam a cada ensinamento do mestre para sonhar com láureas na Rio-2016.

– No começo era complicado por causa do jeito durão dele. Não gostava de brincadeiras. E nós éramos bem brincalhões. Mas nos acostumamos – afirmou Erlon, medalhista de bronze no Mundial de 2014 na categoria C2 200m, ao lado de Isaquias, bicampeão mundial na C1 500m.

Morlán não chegou ao Brasil por acaso. Já era referência quando foi contratado pelo COB para elevar o nível da canoagem visando a um bom desempenho nos Jogos do ano que vem. No currículo, são nada menos que cinco láureas olímpicas (quatro pratas e um ouro) e dez em mundiais. Até pouco tempo, ele também treinava David Cal, maior medalhista olímpico da Espanha.

– Prefiro ter raiva de um técnico que me dê medalhas do que ser amigo de um que me deixe em quinto. Não gosto de brincadeiras e não vou mudar – avisou Morlán, de 48 anos.

Um dos trunfos do comandante é o sítio onde a equipe brasileira treina desde outubro do ano passado, em Lagoa Santa (MG). O espanhol rodou o Brasil a procura de um local que tivesse clima semelhante ao do Rio e, ao mesmo tempo, tranquilidade. A escolha veio com ajuda de uma tese de doutorado que encontrou.

– A internet é uma ferramenta muito poderosa. Achei o estudo de uma menina sobre Lagoa Santa. Li, mostrei ao COB e, depois de um tempo, aceitaram – disse o espanhol, que garante ter liberdade de escolhas.

– Não gosto do jeitinho, sou mais alemão. Mas gosto muito do Brasil.

Morlán espera que o trabalho duro resulte no maior número possível de vagas olímpicas para o Brasil. O país já tem uma garantida, por ser sede, mas buscará três no Mundial de Milão (ITA), em agosto deste ano.

Projeto de pista será apresentado

O presidente da CBCa, João Tomazini, disse na quarta-feira que irá apresentar ainda esse mês ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, projeto para uso da pista de canoagem slalom do Parque Radical de Deodoro após a Olimpíada. A obra é uma das polêmicas dos Jogos.

– Vamos apresentar um projeto ainda neste semestre. Quero deixar claro que já estamos estudando isso desde 2010 e envolve as pessoas que moram na região. Mas não vou dar mais informações – afirmou Tomasini, que não quis comentar as declarações de Paes sobre fazer da pista um “esquibunda” após o evento.

Por Jonas Moura, LANCENET!