Por Breno Barros, Jornal de Brasília
Isaquias Queiroz chegou ao Campeonato Mundial na Rússia como favorito na prova da canoa C1 1.000 metros. Na edição anterior da competição, o brasileiro tinha levado o bronze na prova.
Em 2014, a coisa era diferente. O atleta vinha evoluindo tecnicamente, mais forte e preparado para levar o título na sua principal prova. Demorou cerca de 3min44s para que a confiança se transformasse em frustração. Isaquias largou muito bem. Assumiu a liderança logo no início, chegando a ter, junto com o alemão Sebastian Brendel que vinha na segunda colocação, três barcos de distância dos outros adversários.
Faltando menos de 10% da prova para cruzar a linha de chegada, o baiano sentiu dores no braço, pelo grande esforço de remar quase um quilômetro. Faltando poucos metros para o final, ele colocou todo o peso do corpo para trás, no intuito de cruzar a linha de chegada, perdeu a concentração e o equilíbrio, e o improvável aconteceu: a canoa virou. Isaquias viu escapar pelos dedos a medalha de ouro na linha de chegada.
Isaquias espera que o erro não se repita na prova que será disputada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, em 2016.
Assim como nas competições de grande expressão anteriores, o brasileiro chega com o status de figurar entre os melhores do mundo. “O lado positivo é que todos viram o meu potencial, onde posso chegar. Por mais que não ganhei a medalha de ouro, o meu desempenho deixou claro que posso brigar pela medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Eu saí do Mundial mais fortalecido para buscar o pódio em 2016”, disse Isaquias.
Intercâmbio
No caminho do pódio olímpico inédito nos Jogos do Rio, a canoagem de velocidade brasileira conta com o suporte do técnico espanhol Jesus Morlán.
Desde 2013, Morlán transmite a experiência para elevar o nível da canoagem visando a um bom desempenho nos Jogos de 2016.
Para se ter uma noção da bagagem do treinador responsável por elevar o nível dos atletas brasileiros, o técnico carrega na bagagem nada menos do que cinco medalhas olímpicas (quatro pratas e um ouro) e dez pódios em mundiais.
Saiba mais
O ano de 2015 para a canoagem velocidade brasileira começa na próxima semana.
O primeiro desafio internacional será o Campeonato Sul-Americano, no Equador. No mês de maio os atletas disputam a Copa do Mundo da modalidade.
No segundo semestre os atletas encaram os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, e em agosto o Campeonato Mundial na Itália, onde serão definidas as vagas para os Jogos Olímpicos de 2016.
Em busca de tranquilidade
Os melhores canoístas do Brasil fazem a preparação para os Jogos Olímpicos em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a 36km da capital mineira. Com clima semelhante à capital fluminense, os quatro principais atletas nacionais utilizam a tranquilidade da cidade de 60 mil habitantes como base de preparação.
Além de Isaquias Queiroz, Nivalter Santos, Erlon Santos e Ronilson Oliveira estão focados no sonho olímpico na lagoa de 6,3km exclusiva para o treinamento dos brasileiros.
“O bom de ter vindo para Lagoa Santa é que a cidade é muita calma, sem trânsito e fica longe da confusão que é a cidade de São Paulo. Moramos perto do local de treinamento e a estrutura é ótima. Foi uma escolha boa, pois tem o mesmo clima da lagoa, vento e calor entrado na Lagoa de Freitas, no Rio de Janeiro”, explicou Isaquias.
Morlán e os atletas Isaquias Queiroz, Nivalter Santos, Erlon Santos e Ronilson Oliveira iniciaram os trabalhos em Lagoa Santa em outubro do ano passado. Todos eles são beneficiados pelo programa Bolsa Atleta Pódio, do Ministério do Esporte.