Projeto intitulado N2, fazendo menção à letra “N”, que se repete nos nomes Noronha e Natal.
Aos 50 anos, parece que você começa a ficar “irresponsável”, sensível e com uma profunda vontade de fazer algo importante, mas não sabe o que. Quando digo “coisa importante” incluo também executar ações que façam algo por alguém, por alguma causa, mas como o assunto aqui é esporte, vamos a ele.
Escolhi fazer algo que eu possa me lembrar para o resto da minha vida. Não sou de lamentar derrotas ou enaltecer vitórias, mas ousar e dividir a minha ousadia ou conquista, sem medo do julgamento, será uma inesquecível passagem.
Fazer a travessia entre o Arquipélago de Fernando de Noronha e Natal não será tarefa fácil. Não será fácil abdicar novamente de família, amigos, viagens, pratica de outras modalidades esportivas que gosto e etc. Não será fácil vencer as lesões acumuladas por cinco décadas de pratica esportiva intensa, que inevitavelmente marcam o nosso corpo. Não será fácil obter autorizações da marinha, bons prestadores de serviço e com experiência, conseguir patrocinadores e não será fácil remar 360 km sem parar, por mais de 48 horas privado do sono, assumindo o desconforto, mas se eu pudesse dizer algo a mim mesmo eu diria: Eu vou fazer e eu vou terminar. É assim que me sinto e as minhas experiências no endurance provam que sou capaz.
Disseram ser impossível cruzar o Atlântico remando e Amyr Klink provou ser possível. Disseram ser impossível subir e descer o Aconcágua em tempo recorde, façanha realizada há pouco tempo pela amiga Fernanda Maciel que conheci ainda nos tempos de corrida de aventura. Disseram ser impossível para Ana Elisa Boscarioli, ser a primeira mulher brasileira a escalar o Everest e ela não parou, foi lá e concluiu, fechando o ciclo sendo também a primeira brasileira a fazer os 7 cumes. Cada vez que alguém se lança a um difícil objetivo a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas é: “será possível” e a segunda é “eu acho difícil, eu acho que não dá”. O que seria de nós se desistíssemos neste ponto? O que seria dos recordes e o que seria da inspiração que pessoas causam em nós?
Há pouco tempo passei também e observar o escalador Gustavo Ziller, que se propôs a fazer os sete cumes e vem obtendo sucesso. Não se trata de algo inédito, mas com alto grau de risco e dificuldades, mas o que ele me inspira é na mudança de vida e escolha em viver!
- João Castro lança novo projeto para realizar travessia inédita
Antes desta travessia, muitas outras serão realizadas com o objetivo preparatório, mas eu destacaria cinco que tem objetivos bastante claros.
Não necessariamente nesta ordem virão os 100 Km partindo da cidade de Cananéia e chegando na Ilha do Mel. Esta primeira travessia será de pura ambientação com o Surfski, tipo de embarcação que pretendo usar no projeto. Lugar das câmeras, posição no cockpit, medida do remo, tipo de roupa e colete que vou usar, enfim, tudo do mais complexo até o que pode parecer simples besteira. Aprendi em modalidades de longa duração que um pequeno incomodo pode atrapalhar, fazer você perder o controle e colocar tudo a perder.
- Paraty / Santos: tentativa de não parar ou parar o menos possível, simulando dores e incômodos.
- Fortaleza / Jericoacoara: treinando o downwind e colocando o barco na situação de ventos e ondas, observando como ele se comporta e aprendendo a aproveitar estas duas forças naturais a meu favor.
- Brasil / Uruguai: Esta já era para ter sido realizada dentro do projeto anterior, o “Até 50”, mas não houve tempo para isso. Migrei esta travessia de aproximadamente 25 dias para o novo projeto. Esta será aproveitada para avaliar o psicológico frente ao desconforto e o longo tempo de algumas abdicações.
- Fernando de Noronha / Atol das Rocas: Claramente um reconhecimento. Embora seja uma travessia em ângulo diferente, visitar o mar onde estarei na travessia final, fará com que os últimos ajustes possam ser feitos, principalmente na cabeça.
Este projeto intitulado N2, fazendo menção à letra “N”, que se repete nos nomes Noronha e Natal, ainda não tem data certa pois como eu escrevi acima, muita coisa tem que rolar antes disso. Tudo precisa ser bem planejado, eu precisarei estar bem treinado, para que o objetivo seja alcançado.
De hoje em diante eu escreverei bastante sobre cada experiência, cada treino ou travessia, sobre equipamentos testados, sobre os lugares que vou visitar e a sua natureza. Sobre aprendizados, novas técnicas, afinal sempre há muita coisa para aprender.
Quem acompanhar o projeto será alimentado por pequenos vídeos, muitas fotos e o máximo de conteúdo possível com a finalidade de inspirar, incentivar novos atletas ou pessoas com o desejo de aventurar-se e claro, trazer a torcida e a interação, pois este é o combustível principal para o sucesso.
Foi praticamente uma vida inteira no mar. Remando, surfando, velejando, mergulhando e isso, creio eu, não me garante o sucesso, mas a tranquilidade necessária para me sentir “em casa” quando a situação estiver realmente ruim.
Que venha mais este projeto e estou bastante empolgado e que ele seja um sucesso, mas antes de qualquer coisa uma inesquecível experiência de vida.
Meus agradecimentos a todos os veículos de mídia que se propuseram a divulgar cada passo: Sup Club, Mundo Sup, Likit e Sestaro.
Obrigado ao portal Extremos (http://www.extremos.com.br/), referência em geração de conteúdo em esportes outdoor, portal com grande credibilidade e qualidade!
Obrigado à Agência Ecooutdoor Sports Business, Academia Cia Athletica Morumbi, Epic Kayaks. Obrigado e SPOT / Global Star, que já estão comigo me apoiando desde o projeto anterior. Vocês são demais!
Sobre o João Castro
Formado em Biologia com especialização em reprodução de peixes, hoje pós-graduado em marketing esportivo pela ESPM e dono da agência Ecooutdoor Sports Business.
Sempre foi praticante de esportes outdoor, mas com clara preferência por aqueles praticados na água, embora a corrida de aventura e a montanha estejam sempre presentes.
Recentemente concluiu um projeto pessoal de dois anos intitulado “Até50”, iniciado em 2014, com o propósito de realizar antigos desejos como Ironman, Travessia da Serra Fina, Mundial de Corrida de Aventura, Torres Del Paine entre outros.
Foi o primeiro brasileiro a realizar uma travessia em canoa havaiana OC1, em 2008 e agora lança seu novo projeto chamado Projeto N2, um projeto de travessias oceânicas com o objetivo final e o mais ousado, de concluir remando o trecho entre Fernando de Noronha e Natal, sem parar.
APOIOS
Spot / Global Star
Epic Kayaks Brasil
Academia Cia Atlhética Morumbi
Ecooutdoor Sports Business
FACEBOOK
https://www.facebook.com/JoaoCastroN2/