Licitação falha, e RJ empurra gasto com remo na Lagoa para Comitê Rio-2016


Compra dos decks de competição falhou; instalação está atrasada

O governo do Rio de Janeiro bem que tentou, mas não conseguiu comprar os equipamentos para preparar a Lagoa Rodrigo de Freitas para a Olimpíada de 2016. Nenhuma empresa apresentou proposta na concorrência lançada pelo Estado para aquisição dos decks necessários para as competições olímpicas de remo e canoagem. Sobrou para o Comitê Organizador Rio-2016, que vai ter que providenciar as estruturas e ainda pagar por elas.

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A transferência da responsabilidade pela aquisição dos decks flutuantes foi revelada pelo secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, ao UOL Esporte. Espíndola é o responsável pela coordenação dos projetos olímpicos fluminenses. Foi sua secretaria quem licitou –sem sucesso– a compra das estruturas de competição imprescindíveis para os Jogos Olímpicos de 2016.

“Nunca tínhamos comprado um equipamento desse tipo. Não deu certo. O Rio-2016 conhece melhor esses flutuantes e vai comprar”, justificou Espíndola. “Tudo vai estar pronto para o evento-teste da Olimpíada [em agosto].”

O governo do Rio havia anunciado em março que investiria R$ 14 milhões para adequar a Lagoa e seu estádio de remo às exigências olímpicas. Para executar o projeto, ele dividiu o plano de preparação do espaço em três: reforma do estádio, instalação das raias e compra de decks flutuantes de competição.

De tudo que o governo havia prometido investir na Lagoa, R$ 7,6 milhões seriam gastos com os decks. O valor era o limite que o Estado estava disposto a pagar pelas estruturas flutuantes, segundo o edital de licitação dos decks.

A concorrência foi lançada em março. Duas empresas –Christal Company e Squalo Consultoria—chegaram a se interessar. Visitaram a Lagoa. Em abril, contudo, não entregaram uma proposta. Por isso, a concorrência foi declarada deserta.

Erro em projeto

Antes de desistirem da licitação, as duas empresas chegaram a apontar falhas no projeto dos decks. Ambas solicitaram mudanças na licitação argumentando que, para a instalação das estruturas, seria necessária uma dragagem na Lagoa Rodrigo de Freitas. O serviço não estava previsto na concorrência.

O governo do Rio de Janeiro negou o pedido das empresas. Segundo o Estado, um estudo fornecido pelo Comitê Organizador Rio-2016 assegura que nenhuma dragagem é necessária para a instalação dos decks.

Fato é que agora será o próprio Comitê Rio-2016 quem terá que instalar os flutuantes de competição. O órgão foi procurado pelo UOL Esporte para comentar o assunto. Confirmou que fará o serviço, mas não forneceu mais informações. Também não se pronunciou sobre possíveis falhas em seu projeto para os decks.

Segundo o planejamento inicial de preparação da Lagoa para a Olimpíada, a instalação dos flutuantes está atrasada. O trabalho já deveria ter começado, conforme o cronograma incluído na licitação dos equipamentos. Nada foi feito.

Evento-teste marcado

Entre 6 e 9 de agosto deste ano, a Lagoa receberá o Campeonato Mundial Junior de Remo. O evento servirá como teste para a Olimpíada de 2016. Por isso, deve utilizar os decks de competição olímpicos.

Até o evento-teste, espera-se também que as novas raias da Lagoa já estejam instaladas. Só a reforma do estádio de remo não deve estar 100% concluída. Seu cronograma foi modificado para que a obra não atrapalhe a competição.

Vale lembrar que, neste mês, mais de 50 toneladas de peixes morreram na Lagoa Rodrigo de Freitas. Segundo o relatório divulgado pela Secretaria Municipal de Ambiente na segunda-feira, o espaço está impróprio para prática de esportes.

Por Vinicius Konchinski, do UOL