PAPO DE CANOÍSTA: O batismo das duas canoas OC6 recém chegadas à Belém


Atualmente um dos esportes que cresce rápido no Brasil, é o Va’a e em 2016 a modalidade desembarcou com tudo no norte do país.

A chegada da primeira canoa Va’a OC6 no Brasil foi no final do ano 2000, em Santos/SP, importada dos Estados Unidos e batizada de Lanakila, assim, a cidade se tornou grande polo de bases de canoas. Bases são clubes que promovem e incentivam a prática, com remadores em diversos perfis diferentes, que é um modo de preservar o caráter da própria cultura e tradição polinésia.

Com bases em praticamente todas regiões do Brasil, uma nova base se formou recentemente no norte do país, chamada de Canoa Paidégua (expressão popular do Pará). Batemos um papo com Igor Vianna, que comanda a base e contou para nós como foi a idéia de levar o Va’a para o norte do Brasil.

Sestaro Canoagem: Quando surgiu a idéia de trazer a Va’a para o Norte do país?

Igor Vianna: A idéia de trazer as canoas a Belém é um desejo muito antigo. Dez anos atrás eu já havia tido contato com canoas havaianas. E mais recentemente, há cinco anos atrás a gente conseguia emprestar uma canoa havaiana aqui para nossas ações de limpeza de rios e praias. Na medida que fomos acompanhando mais o movimento Va’a pelo Brasil, na Bahia , Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, a vontade foi aumentando. No ano passado por ocasião da minha estadia em Santos, voltei a Belém decidido a fazer tudo que fosse lícito e moral pra trazer as canoas havaianas para águas nortistas.

SC: Quem as fabricou e como foi a escolha das cores?

IV: Quem fabricou as nossa canoas foi o Eugênio da NIUE VA’A. Já estávamos em contato desde 2013. O Eugênio foi bastante atencioso e prestativo. Encomendamos duas canoas, mas tenho certeza que foram somente as duas primeiras, outras virão! Com relação as cores, não se trata de ter uma canoa pra ‘’meninos’’ e outra pra ‘’meninas’, apesar de parecer isso. Não é! Tínhamos certeza que queríamos uma canoa ROSA, para prestigiar as mulheres que são a maioria esmagadora nas remadas aqui no norte. Pensamos na cor azul pra harmonizar. Nossas canoas serão batizadas com nomes femininos, que remetem nossa cultura, a CABOCLA é também uma homenagem à minha falecida avó, que eu tratava carinhosamente por “cabocla Madalena”. A SINHÁ PUREZA é uma homenagem ao nosso carimbó e ao cantor e compositor Pinduca.

Conheça a música de Pinduca – Sinhá Pureza:

Entendo que corremos o risco de sermos criticados pelos mais puristas de estar deixando de lado a ‘’cultura havaiana”. Não custa afirmar, não se trata disso, pelo contrário, estamos respeitando o nosso momento atual que é de início de aprendizado. Pior seria ao meu ver se nos ‘’travestissemos’’ de ‘’cultura havaiana’’ sem de fato a entender.

SC: Atualmente, qual o cenário para a Va’a no Norte do país? Houve boa recepção por parte dos atletas?

IV: O cenário do Va’a no norte ainda está se formando. Estamos iniciando o projeto “Canoa Paidégua” com um elevado padrão de qualidade e segurança, seja na escolha do local de saída (estacionamento, vestiário, banheiro, restaurante) ou nos equipamentos que vamos utilizar (a própria canoa, coletes, remos,etc). Temos também a nosso favor o grande número de praticantes de canoagem seja em caiaques, pranchas de stand up, etc além da experiência em condução de grupos e do profundo conhecimento da região. Houve uma excelente recepção por parte dos atletas, e o que mais chamou nossa atenção, pessoas que há anos acompanham as atividades promovidas em caiaques, porém que nunca mostraram interesse em estar na água, já sinalizaram a intenção de remar em canoas. Observamos isso seja em jovens na faixa de 20 anos, a adultos acima de 50 anos.

SC: Como e onde são feitas as saídas? O que a pessoa precisa para remar?

IV: Nossa base está instalada na Marina Espaço Naútico, Av. Bernardo Sayão, ao lado da Universidade Federal do Pará. Trata-se de uma marina particular, em localização privilegiada, com ampla infraestrutura (banheiros, vestiários, restaurantes, estacionamento). A pessoa não precisa de nenhuma habilidade específica ou característica física particular para começar a remar. Após o batismo no dia 16/07 vamos começar a agendar saídas avulsas até setembro. Composta a guarnição de 6 remadores, a gente cai na água em horários a combinar. Em setembro, passado esse período de adaptação vamos começar com as turma regulares em horários fixos pela parte da manhã e tarde, e também aos finais de semana.

SC: Há planos para novas canoas? Talvez produzi-las em Belém?

IV: Sem dúvida que sim, temos interesse em adquirir mais canoas OC6, mas não de produzi-las. Dá muito trabalho! Em 2015 estive por 30 dias na Evolution Canoe em Santos, fazendo um estágio com a turma que trabalha lá. Trouxe a Belém o molde de uma canoa OC1, mas ainda não foi possível iniciar a produção das primeiras. Logo em breve iniciaremos, na medida que as canoas havaianas forem mais disseminadas.